CRÔNICAS

E acabaram com a Praça Onze

*Crônica publicada no Jornal Tribuna

Praça Onze, berço do samba caiu para a avenida passar.

Como dizia a letra da música de Herivelto Martins:

“Vão acabar com a Praça Onze,
Não vai haver mais Escola de Samba, não vai.
Chora o tamborim,
Chora o morro inteiro,
Favela, Salgueiro,
Mangueira, Estação Primeira.”

Passeando pela Avenida Presidente Vargas no Centro do Rio hoje em dia, não se vê quase nada da praça, que até a década de 30 era conhecida como “bairro Judeu” por concentrar um grande número de imigrantes, e também berço do samba carioca. Com a construção da avenida tudo veio abaixo, não sem antes ser motivo de protesto por parte de Grande Otelo, que insistiu tanto com Herivelto a ponto de este escrever a letra, contrariado. O local inabitado que era coberto por um pântano, no futuro seria coberto pelo asfalto.
Herdando esse nome por ocasião da vitória na Batalha do Riachuelo na Guerra do Paraguai, em 11 de junho de 1865, a verdade é que a sombra de sua demolição inspirou vários outros compositores da época a protestarem ou lamentarem seu fim:

Meu povo, este ano a escola não sai
Vou lhe dar explicações
Não temos mais a Praça Onze
Para as nossas evoluções
Ali onde a cabrocha
Mostrava o seu requebrado
Um grande homem de bronze
Por todos será lembrado

E também:

Lá vem a nova avenida
Remodelando a cidade
Rompendo prédios e ruas
Os nossos patrimônios de saudade
É o progresso… E o progresso é natural

Não teve jeito o progresso veio e acabou com a Praça Onze.

Shirlei Pinheiro

*Imagem Facebook Rio Antigo

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